Não podia deixar de falar nesse período do carpinteiro de Nazaré, do Deus sem poder que revolucionou a história do mundo...
A recente celebração do Natal trouxe-me a mente toda uma mística que envolve o menino Deus, a criança pobre que nasceu numa manjedoura, com o legado de trazer libertação a toda humanidade.
O Grande paradoxo cristão torna-se ensinamento e desafio para todas e todos. A lógica do mercado, da competição, da troca faz-nos, cada vez mais, egoístas e individualistas, apagando em nós a chama sagrada, levando-nos a sermos meros consumidores, de tudo e de todos; pessoas que não conseguem enxergar nada além do seu próprio umbigo.
Estamos envolvidos numa louca corrida em volta de nós mesmos, para lugar nenhum, sem nenhum propósito existencial, como engrenagens de um relógio quebrado sem números nem ponteiros, mas que nunca para de girar, girar e girar...
O mistério do Natal leva-nos a seguir o exemplo do Deus Todo poderoso que abre mão do seu poder, tornando-se um Deus sem nenhum poder diante de um império opressor que tortura e mata seus iguais.
Jesus não nasce em berço de ouro, nasce numa manjedoura, recebe a visita de pastores, pessoas sem nenhum status em sua época, marginalizados. Não nasce em Jerusalém, nasce como criança pobre de uma cidade pobre. O nascimento de Jesus nos desafia a rever todos os nossos valores.
Mesmo nossas preces e orações denunciam a distancia que estamos dos ensinamentos de Jesus e do mistério do Natal. Em nossas orações rogamos pelo Cristo todo poderoso, e pedimos que ele realize todos os nossos desejos.
Enquanto não aprendermos com o Cristo desapoderado que nasceu pobre, que foi assassinado brutalmente pelo império romano, que teve o seu corpo estraçalhado no madeiro que lutou sem armas, sem força e sem poder e venceu o império mais poderoso e hostil q já houve, enquanto não aprendermos o ensinamento central do mistério do Cristo de Deus, seremos meros religiosos, como o levita e o sacerdote da parábola do bom samaritano.