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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Viva a São João! Amém...

Eitaaa... Bandeirolas brincando ao vento, bolo de milho, de puba, canjica, quadrilha, casamento na roça, quebra pote, famílias sentadas em volta da fogueira assando milho, contando causos, licô, forró... Crianças tudo brincando, vestidas de quadriculado e chapéu de palha... Eiitaaaa tempinho bom! Bom demaiss...

O mundo em festa, não havia para onde ir, todos os lugares o mesmo cenário... A chegada da chuva e a colheita alegravam a todos, trazia sorriso aos olhares, e fazia dos homens da terra feiticeiros, capazes de transformar os lugares sem graça e sem sabor, em espaços de alegria. Na verdade, só repetiam o que o Mestre tinha ensinado. Em seu primeiro milagre descrito no grande manual, Jesus chegou a uma festa e quando acabou o vinho tudo era sem graça e sem cor, água. Logo transformou a água em vinho, o sorriso voltou à face dos donos da festa e todos que estavam no lugar da festa se alegraram.

Um amigo me contava e relatava como sua família, seguidores fiéis de Jesus de Nazaré, crentes em Cristo, faziam o movimento contrário de Jesus, transformavam os espaços de festa e alegria em espaços sem cor e sem graça; transformavam o vinho em água.

Ele me dizia que queria cantar músicas que fazia o seu sangue vibrar, músicas de sua terra, criadas da alegria de um povo acostumado a sofrer... Mas só cantava músicas que não dizia ele. As músicas cantadas em sua igreja diziam outros de outros lugares. E cantavam não o que passava aqui e as esperanças daqui, mas o que queriam viver em outro mundo.

Meu amigo queria cantar ao seu Deus as súplicas do seu povo e não o desejo de outros.

“Quando olhei a terra ardendo. / Qual fogueira de São João.
Eu perguntei: Ah, meu Deus do céu, ai / Por quê tamanha judiação.
Que braseiro, que fornalha / Nem um pé de plantação.
Por falta d'água perdi meu gado / Morreu de sede, meu alazão.
Até mesmo a asa branca / Bateu asas do sertão
Então eu disse, adeus Rosinha / Guarda contigo meu coração.
Hoje longe muitas léguas / Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo / Pra mim volta pro meu sertão.”

A chegada da chuva é um momento extrema alegria para o nordestino, ele festeja e agradece a Deus, por ouvir suas petições.

Ele queria festejar e se alegrar com os seus, mas os seus se retiravam no momento da festa para entrar em cavernas que os protegiam do espaço festivo. Dentro das cavernas podiam comemorar a festa judia da páscoa, ou a festa européia do Natal, mas de maneira alguma se alegravam com as festas juninas.

Depois desta conversa convidei esse meu amigo para ir a uma Igreja evangélica, mas que aprendeu a ser igreja da terra no dia 26 deste mês. Neste dia vai acontecer o V Arraiá da Igreja Batista de Ouriçangas. Lá teremos fogueira, quadrilha, forró, arrasta pé, bolo de milho, canjica, as famílias, os causos, e principalmente a presença do Jesus que nos ajudará a transformar a água em vinho. Os espaços sem cor sem gosto e sem graça em espaço de alegria cheio de cor e sabor...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Conversa de copa

O mundo está na África. Os técnicos do jogo, com táticas ofensivas começam a lançar as estratégicas antes mesmo de a partida começar. Tentam mostrar aos turistas que o país 75% negro pode recebê-los bem, contra-atacando as especulações que esta seria uma Copa sem turistas, uma Copa dos nativos. Cheguei a ver num programa o apresentador mostrando e afirmando que havia hotéis muito limpinhos para receber os turistas.

Os times entram em campo. A primeira jogada se dá na lateral do campo, com uma disputa de bola entre dois países esfoliados, México e África do Sul. O país mais pobre da América do Norte empata com o mais rico da África em número de desempregados e na desigualdade de renda. Cerca de um quarto da população vive com menos de US$ 1,25 por dia, nos dois países.O jogo se inicia, a alegria dos africanos envolve o espetáculo mais importante do futebol mundial. A torcida é a grande estrela do jogo.


A bola sobra no centro do campo, os ingleses que foram grandes atacantes no passado vieram para o jogo na defensiva, não mais se esforçam em matar africanos para ficar com seus diamantes mas sim com a segurança de seus jogadores e dependem de uma ampla e organizada operação defensiva. Os americanos muito violentos também se preocupam com a defesa, mas se defendem fazendo faltas violentas principalmente contra os mais fracos. A disputa acaba empatada.

Os frios alemãs surpreendem tocando bonito na bola, mas o que estamos esperando mesmo é que a bola chegue nos pés do Brasil. Já acostumados com os perna-de-paus que comandam nosso país, sempre temos esperança, mesmo com os perna-de-paus selecionados para o jogo. Aqui até que temos um craque, mas infelizmente está machucado. Uma pancada na cabeça fez o torneiro mecânico perder a identidade e os ideais, o tratamento da lesão foi através de doses de capitalismo meoliberal que só agravou a lesão. Lá temos um craque machucado e um técnico que deve ter também tomado uma pancada na cabeça antes de escalar essa seleção.
“Vamos juntos... Pra frente Brasil...”