Eia todo o passado dentro do presente!
Eia todo o futuro já dentro de nós! eia!
Álvaro de Campos
Yeaahh!!
O sol se levanta, o sol se deita, apresando-se a voltar ao seu lugar e é lá que ele se levanta. O vento sopra em direção ao sul, gira para o norte, e girando e girando vai o vento em suas voltas. Todos os rios correm para o mar e, contudo, o mar nunca se enche: embora chegando ao fim do seu percurso os rios continuam a correr. Todas as palavras são gastas e ninguém pode mais falar. O olho não se sacia de ver nem o ouvido se farta de ouvir. O que foi será, o que se fez se tornará a fazer: Nada há de novo debaixo do sol! (1)
Quase 4 horas, o amigo de um amigo meu, Frederico Nit, ouviu a angústia do coração do sábio Rei, subiu uma alta montanha e de lá lançou ao vento duras palavras que alcançaram as mentes e os corações como um pesado martelo destruidor de ídolos.
Nit inquire
E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez... (2)
E se??
Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! (2)
Pobre sábio amigo, conheceu tudo mas nada entendeu. Pobre rico amigo teve tudo mas nada era seu.
Minhas amigas invejam Salomão, querem riqueza e poder, pobre amigas, “nada há de novo debaixo do Sol”.
Cada escolha, escolhas eternas, cada momento vivido, momentos que retornarão eternamente, nada novo, só o eterno retorno.
Seis horas da manhã, o velho e cansado amigo percorre sua vida sua história e nada encontra: “Fiz obras magníficas, construí palácios para mim, fiz jardins e parques, Acumulei prata e ouro, escolhi cantores, inúmeras mulheres, nada que fiz me agradou, viver a vida é como correr atrás do vento.” (3)
A vida? Ela re-começa todos os dias... Vivê-la é muito perigoso... A cada e a todo momento, escolhas que se eternizarão...
Eiiii!! O que vc fará hoje? Vamos escrever uma poesia juntos? Quero dançar! Vem?
A vida? Ela re-começa todos os dias... Vivê-la é muito perigoso... A cada e a todo momento, escolhas que se eternizarão...
Eiiii!! O que vc fará hoje? Vamos escrever uma poesia juntos? Quero dançar! Vem?
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1 - Eclesiastes 1.4-9
2 - Nietzsche, Friedrich. A Gaia Ciencia, Aforismo 341
3 - Eclesastes 2. 4-8