O baixo nível da campanha dos presidenciáveis Dilma e Serra trouxeram grandes retrocessos para o processo político eleitoral do Brasil que já não é nem um pouco democrático.
Para conseguir os votos dos evangélicos os candidatos debateram políticas públicas em níveis moralistas usando o discursos religiosos... Nesse momento de desespero de ambos os candidatos aconteceram algumas coisas interessantes que merecem destaques.
Executivo ou Legislativo?
O presidente que for eleito no próximo dia 31 deste mês será responsável por gerir bilhões de reais, dinheiro público. Decidirá quanto será destinado à educação, saúde, saneamento, infra-estrutura e como esses valores serão aplicados. Decidirá os nortes da política econômica, das relações comerciais internacionais. Decisões que trarão impactos no dia-a-dia do povo. No entanto grande espaço da propaganda dos dois candidatos foi destinado a falar sobre competências do poder legislativo, Lei do aborto, Lei da homofobia – PLC 122.
Frei Betto e Leonardo Boff
Com os ataques do Tucano José Serra, contra Dilma do PT, grandes intelectuais brasileiros entre eles religiosos como Frei Betto e Leonardo Boff, que tinham se afastado do governo petista, saíram em defesa de Dilma. O que fica evidente é que o governo do PT e de Dilma não é o governo dos sonhos de nenhum deles, no entanto o governo do PSDB de Serra seria um pesadelo.
Palavras de Frei Betto – Autor de uma das maiores críticas ao PT, o livro a mosca azul.
“Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência. Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de "marxista ateia".
Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.
Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória - diria, terrorista - acusar Dilma Rousseff de "abortista" ou contrária aos princípios evangélicos.” [Leia mais]
Silas Malafaia
O Pastor Silas Malafaia mostra cada dia mais sua verdadeira face. Hoje megamilionário explorando a fé dos mais fracos, Silas ensaia investidas no mundo da política como o defensor dos evangélicos e da santa moral cristã.
No inicio, defender isso, era apoiar Marina da Silva. Quando viu que Marina não tinha chances de ir ao segundo Turno, Malafaia mudou de posição e começou a apoiar Serra, a desculpa era que Marina tinha dito que apoiaria um suposto plebiscito sobre os aborto. Oportunista do jeito que é, o pastor, também apoiou publicamente Marcelo Crivella, e Walter Pinheiro, mesmo estes sendo da base do governo Lula. É engraçado como Malafaia continuou apoiando Serra mesmo com a discordância sobre a união civil de homossexuais. O que fica bem claro é como é fácil manipular evangélicos e Malafaia sabe fazer isso muito bem pra alcançar seus interesses pessoais que aparentemente todos eles estão ligados a muito dinheiro em seu bolso.
PNDH3
O PNDH3 – Programa Nacional de Direitos Humanos, ao contrário do que tem sido dito, não se trata de nenhum conchavo político do PT para acabar com os valores cristãos do nosso país, fechar igrejas por se recusar a casar casais gays, tampouco estimular o aborto. Isso é mais uma mentira de Serra, Silas Malafaia e os outros desse tipo. [É só ler aqui o PNDH3 completo.]
O PNDH3 é um documento importantíssimo que tem sido enfraquecido nessas eleições. Este foi construído democraticamente em parceria com os inúmeros movimentos sociais presentes em inúmeros encontros em que o povo tinha acesso.
O PNDH-3 incorpora, resoluções da 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos e propostas aprovadas nas mais de 50 conferências nacionais temáticas, promovidas desde 2003 – segurança alimentar, educação, saúde, habitação, igualdade racial, direitos da mulher, juventude, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, idosos, meio ambiente etc –, refletindo um amplo debate democrático sobre as políticas públicas dessa área.
Questões importantes como a taxação sobre fortunas são abordadas no programa, por isso além de não demonizá-lo devemos apoiá-lo e cobrar sua efetivação.