O que você prefere? Ser coadjuvante de um grande filme que dramatiza a realidade ou ser mesmo o palhaço de um circo que se chama sociedade?
Ah tah! Você é uma pessoa inteligente e dirige a sua própria vida... Ahhh! Vc é cristão e quem dirige sua vida é o próprio Deus...
Luz, Câmera Ação!
Hoje tem palhaçada?
Tem Sim Senhor!
Hoje tem Marmelada?
Tem Sim Senhor!
Ultimamente tenho tido vários problemas, sou religioso e acredito em um Deus que, ao contrário do Deus que tem feito sucesso nos holofotes da sociedade brasileira, continuamente me desafia a pensar. Isso é um problema porque pensar é transgredir.
Quando você não pensa outros estão pensando por você, você é automaticamente absorvido por um conjunto de crenças fabricadas para legitimar o processo de opressão que se dá na sociedade, a coisa é tão sutil que os próprios oprimidos contribuem com a manutenção desse sistema que oprime eles mesmos.
No entanto ninguém quer violentar ou prejudicar a si mesmo, por isso para esse sistema se manter é necessário que a realidade seja camuflada por essas tais crenças, sutis, muito sutis. Assim, vivemos numa espécie de filme, onde o diretor chama-se mercado e o sobrenome ou codinome economia.
As coisas se dão de maneira muito simples. Poderia falar de inúmeras crenças que escondem a realidade, mas para não cansá-los trarei duas delas:
As coisas se dão de maneira muito simples. Poderia falar de inúmeras crenças que escondem a realidade, mas para não cansá-los trarei duas delas:
Uma delas é a crença de que vivemos num país democrático. As eleições nos dão a impressão de que nós escolhemos os nossos dirigentes. Mas claro que isso não é verdade, não escolhemos o presidente da República, apenas escolhemos um dentre os dois que estão de fato na disputa. Pior que isso é saber que esse presidente não tem autonomia pra nada. Quem de fato está no poder são os grandes empresários e o sistema financeiro, que bancam os grandes partidos políticos e que tem a mídia em suas mãos. Sabe de uma... Se de fato vivêssemos em uma democracia deveríamos escolher era o presidente do Banco Central. Essa crença é importantíssima para impedir que o povo se conscientize do seu verdadeiro lugar nesse jogo, apenas uma marionete, e surjam revoltas, ou tentativas de transformações.
A segunda crença é que nós realmente precisamos daquele monte de coisa que são anunciadas na mídia. Qual é o grande desafio de qualquer grande empreendedor? É fazer com que as pessoas acreditem que precisam de seu produto. Se as pessoas não têm necessidade daquilo, o papel da mídia é criar essa necessidade. O problema é que a necessidade é tão bem criada que sente até quem não tem dinheiro para ter. Aí a grande solução da classe média brasileira para resolver o problema das crianças e adolescentes que cometem roubos e furtos, é a diminuição da maioridade penal. Cadeia para eles! Há uma luta silenciosa para preservar esse sistema violento de exploração, do qual somos apenas carvão a ser queimado ou meros imitadores de mentes estéreis.
Nesse imenso filme que é dramatizado diante de nós, às vezes nos sentimos como simples coadjuvantes, no entanto quando vamos a um shopping, por exemplo, recebemos tantos paparicos dos vendedores que nos sentimos os atores principais, somos os consumidores. Mas basta assistir o Jornal Nacional, ou lermos a coluna política de qualquer jornal que descobrimos que estamos é em um circo e somos os palhaços. Filme ou circo, o notório é que o espetáculo já começou e fazemos parte dele.
Refletindo sobre isso fiquei louco para ir a um shopping e fazer uma coisa que aprendi com Frei Betto. Quando passar pelas frentes das lojas em caminho à livraria, que é a única loja que ultimamente me interessa em shoppings, e for cercado pelos vendedores perguntando se necessito de algo, responderei: “Não, obrigado. Estou apenas fazendo um passeio socrático”, a alguns que se intrigarem com a resposta explicarei: Sócrates era um filósofo grego que viveu séculos antes de Cristo. Também gostava de passear pelas ruas comerciais de Atenas. E, assediado por vendedores como vocês, respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz”.