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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2011 FELIZ...

Perguntaram-me Como ter um 2011 feliz.

Eu não sei.

Não tenho a mínima ideia de como fazer isso...

Poderia dizer como vovô Aristóteles afirmava que ser feliz é fazer o bom e devido uso da razão, ou como Epicuro, que  acreditava que a felicidade estava nos prazeres e por isso deveríamos buscá-los, ou até sugerir que você se orientasse pelos ensinamentos do Cristo e tentasse ser feliz tendo fome e sede de justiça, sendo pacificador ou pobre de espírito...
Mas não sei como ser feliz em 2011. Não sei se serei feliz.  No entanto, se me perguntassem se fui feliz em 2010 responderia o seguinte:

Sabe quantas vezes eu tentei? Sabe quantas vezes eu parti em busca de algo para fazer o meu coração sorrir? Quando eu não podia, quando eu não conseguia cantar e nem dizer: Sou feliz?
Sabe quantas vezes eu sofri? Sabe quantas vezes eu clamei a Deus por um amigo perto, para enxugar minhas lágrimas, não deixá-las cair? Quantas vezes eu não tive forças para juntar os pedaços de mim?
Sabe quantas vezes precisei conversar comigo mesmo, com essa pessoa que só procuramos quando não há outro? Por que as conversas são sempre angustiantes. Quantas vezes parei para enfrentar-me, tamanha a solidão?
Sabe quantas vezes as palavras que escrevi foram lavadas com lágrimas?

Esses momentos não foram felizes...

Não posso dizer que tive um 2010 feliz, que tive um ano feliz, mas posso certamente garantir que fui feliz...

Lembra-se daqueles momentos que se você pudesse os tornaria eternos?  Não falo de momentos portentosos, que esperamos anos por ele. Como uma formatura. Minha formatura foi sim um momento feliz, mas falo de momentos simples que acontecem sem grandes planejamentos. A felicidade sempre está muito próxima, ela não mora naqueles grandes eventos que acontecerão no futuro, mora no momento.

Vivi momentos em 2010 que se eu pudesse os eternizaria, pintando um quadro, ou escrevendo uma bela poesia sobre eles. Mas não sou poeta.

Para Guimarães Rosa, “felicidade só em raros momentos de distração...” Ela vem quando não se espera, em lugares que não se imagina. Dito por Jesus: É como o vento: sopra onde quer, não sabes donde vem nem para onde vai... Para Rubem Alves, “Sabedoria é a arte de provar e degustar a alegria, quando ela vem”.

Você deseja ter um 2011 feliz? Te garanto que não terá um ano de felicidade. E essa busca poderá ser seu maior adversário. Mas certamente você poderá ter dias felizes, momentos de alegria se e apenas se conseguir enxergar que a alegria está logo alí... 

domingo, 26 de dezembro de 2010

Dias de Festa

Dias de festas, danças, muita alegria, a cidade parou... Mas desta vez o Papai Noel não roubou a cena... Comemoravamos coisa muito importante para nos lembrarmos do carismático velhinho... 
Não esperavamos tanta gente, mas todos estavam lá...

Depois que comemoramos com a multidão, fomos para nosso lugar habitual de festas... A Igreja Batista Quatro Estações...


Depois das comemorações públicas, as particulares: 










Em um ano foram 36 postagens, com 184 comentários e mais de 9000 visitas... Comparecemos também em uma festa formal no qual o trabalho foi reconhecido:


Mas houveram momentos difíceis na caminhada, no qual precisamos de muita concentração e apoio dos amigos: A própria Aníssima, editora chefe do renomado blog anaconfabulando veio até nós...



De tanto meditar juntos me apaixonei por Aníssima e ela por mim... E fomos em viajem para um paraíso tropical como premiação dos nossos trabalhos...




Agradecemos muito a todos vcs que participaram deste ano de Conversa Gabirú... Em que o Gabirú tateou os caminhos da escrita, tentando compartilhar suas conversas... 
Um muito Obrigado aos Seguidores, aos leitores fiéis, e aos blogs parceiros... Valeu Galera!!! 

1 ano de Conversa Gabirú!!!!

domingo, 19 de dezembro de 2010

Quando DEUS brincou de ser GRANDE

Esta manhã estava conversando com um dos meus preferidos amigos mortos, Alberto Caeiro. Ele me contava como num meio-dia de fim de primavera o menino Jesus Cristo tinha fugido do céu para vir brincar entre nós.
Meu amigo descobriu uma das coisas essenciais para entender o Cristianismo: Deus é menino, uma criança.
A maior heresia que há é acreditar que Deus é aquele ser idoso de barba e cajado na mão.

Quem, se não uma criança, sairia de sua solidão para criar, imaginar mundos? Quem, se não uma criança, ao invés de criar algo "sério", criaria um jardim e amigos para vir toda tarde passear com eles?  Quem, se não uma criança, proporia o primeiro jogo, tipicamente infantil, no qual ele desafia aos seus amigos a não comer de apenas uma árvore de todo o Jardim? Certamente esses não são comportamentos de "gente grande".
Mas além de ser criança Deus é uma criança sapeca, e como toda criança resolveu brincar de faz de conta, mas de maneira muito perigosa, resolveu brincar de ser grande.
Como todos já sabemos as habilidades de Deus são incríveis, e infelizmente ele conseguiu nesta brincadeira imitar direitinho os adultos. Logo se tornou rancoroso, ciumento, cheio de sí, e cheio de problemas de baixa alto-estima...
Assim se explica todos aqueles troços da Bíblia, aquelas histórias macabras a respeito de Deus que nunca conseguimos entender. Coisas de gente grande.

Só mesmo com a insensibilidade de um adulto para ser capaz de transformar a pobre da mulher de Ló em uma estátua de sal só porque olhou para a cidade em chamas. Uma criança saberia que seria impossível não olhar, ainda mais se um adulto ordenasse o contrário. Imaginem saber que o lugar que você mora será totalmente consumido pelo fogo, juntamente com todas aquelas pessoas, que foram suas companheiras, amigas, que nem mesmo as criancinhas seriam salvas. Seria muita insensibilidade não olhar para trás.

A insanidade de Deus aparece de forma ainda mais grave quando este se sente como os adultos que tem algum poder nas mãos e requerem obediência cega a seus subordinados.
Deus pediu a um pai que matasse o seu próprio filho como sinal de obediência, o outro insano obedeceu, e já ia matar o pobre do Isaque, sem nenhuma causa, somente para satisfazer os desequilibrados desejos do Deus adulto.
Em um momento de lucidez, Deus desistiu da loucura. Graças a Deus!
Mas infelizmente não foi sempre assim, a história fica cada vez mais grave. Num ataque de ciúmes, típicos em adultos, Deus manda irmãos matar irmãos, amigos e vizinhos, só porque resolveram adorar ao invés de Deus, que precisava sempre ser reverenciado e enaltecido por ter uma grave baixa alto-estima, um outro Deus, uma imagem de um Bezerro. Só nesse ataque de ciúmes foram 3 mil mortos (Ex 32. 25-29).
Pior foi quando deu uma de machão, de Rambo a missão, e se meteu a ser Senhor dos Exércitos... Essa foi a pior fase de Deus, a mais sangrenta e sem coração. Mandava seus exércitos matar todos, e quando desobedeciam, mandavam voltar, matar mulheres e crianças, decepar cabeças e pendurar em estacas... Foi uma barbárie...

Depois que caiu em sí, Deus percebeu que como todo adulto Ele tinha esquecido como era brincar, tinha virado um Deus sisudo, sem graça, sério. Não tinha mais criatividade, imaginação. Não conseguia ser de novo como criança. Deus estava perdido!
Só havia um jeito, uma única esperança. Deus devia nascer de novo, nascer criança, e foi assim que aconteceu. Nasceu Jesus de Nazaré, o Deus menino. 
Jesus Cristo o Salvador teve como primeira e mais importante missão, salvar Deus de ser Grande...
A experiência de ser adulto foi tão ruim para Deus que ele já disse que em seu Reino só as crianças entrarão. O Deus menino já planejou tudo para todos nós nos juntarmos a ele para brincarmos juntos.

Para quem não conseguir se tornar criança não há motivo de preocupação, no céu do Deus menino cabem todos. Ele jamais projetaria uma máquina de torturas chamado inferno para punir eternamente quem não concordasse com ele.
O inferno certamente será um lugar repleto de brinquedos, onde os adultos deverão reaprender a brincar, reaprender a ser criança.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Tempo tempos...

Aniquilador de sonhos, Emissário de fins mórbidos... tempo tempo tempo tempo
Curador das mais profundas dores Tempo tempo tempo tempo

E quando eu tiver saído para fora do teu círculo,

Tempo tempo tempo tempo, não serei nem terás sido...Tempo tempo tempo tempo...


Senhor das Ironias da vida... Foge sempre para sempre.... tempo tempo tempo tempo
Flui distante, finca seus dentes em mim Tempo tempo tempo tempo

Enquanto houver esperanças... Tempo tempo tempo tempo
Thanatos Hades Hipnos... seus irmãos? tempo tempo tempo tempo

Compositor de destinos, tambor de todos os ritmos...

Tempo tempo tempo tempo, entro num acordo contigo... Tempo tempo tempo tempo...


Tempus Fugit... Carpe Diem... Tempo tempos...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Deus além de Deus

Os ininterruptos conflitos que existem no interior das religiões são interessantes e intrigantes. Entre estes temos o conflito interno que se dá entre movimento e instituição. 
Há uma força na religião que a lança ao novo ao inesperado ao espontâneo. O grande mistério que perpassa a experiência religiosa move a pessoa religiosa, muitas vezes em direção ao inexplicável.
Da mesma forma há uma força na religião que a fixa, a estaciona, amarra-a nos lugares de êxito, nos espaços onde houve experiências tidas como positivas. Essa força chamamos de instituição. A instituição estabelece, torna uma experiência norma, padrão, institui algo como regra a ser mantida.
No interior da religião podemos perceber várias características que expressam esse conflito. Os ritos, as leituras bíblicas, são instituições que são caras às religiões cristãs. Algumas liturgias podem também virar instituições quando se tornam algo rígido, não afeito a mudanças.

A imagem de Deus é um aspecto da religião que traz fortemente este conflito. Cada cultura, cada povo, comunidade e até cada pessoa, constrói uma imagem de Deus. Podemos ver isso com tranqüilidade nos textos fundantes da nossa cultura: os mitos gregos e o texto bíblico. As imagens são criadas, mas logo substituídas por outras imagens que atendem a novas necessidades.
Rollo May constata esse fato que para ele só é possível por uma atitude de coragem, para propor novas imagens de Deus que conteste a que a precede.

“Aqueles que chamamos de santos rebelaram-se contra um Deus que, segundo a sua visão interior de divindade, tornara-se inadequado e obsoleto. Os ensinamentos que os levaram à morte elevaram o nível ético e espiritual das sociedades em que viveram e das sociedades futuras. Sabiam que Zeus, a divindade invejosa do monte Olímpio, já não servia. Assim, Prometeu é a religião da compaixão. Rebelaram-se contra Javé, o deus primitivo das tribos hebraicas, que alimentava a sua glória com a morte de milhares de filisteus. Foi substituído pelas visões que Amós, Isaías e Jeremias tinham de Deus: um Deus de amor e de justiça. A rebelião foi provocada por um novo conceito de divindade. Rebelaram-se, como diz Paul Tillich, contra Deus, em nome do Deus além de Deus. A presença contínua do Deus além de Deus é a marca da coragem criativa, no campo da religião.”

Em conversa com o tio de um amigo, ele me disse... “Um mar que se compreende não passa de um aquário, um Deus que se compreende não pode ser grande coisa.”
Para conhecer pouco mais a Deus necessitamos de atitudes de coragem e fé. Fé para aceitarmos que a imagem que temos de Deus é incompleta. Coragem para aceitar, perceber outras faces de Deus e que o outro, aquele que é diferente de mim, pode me apresentar um rosto de Deus que ainda não conheço, mesmo que quando eu olhe, ache feio, estranho, diferente. Foi assim que os sacerdotes se comportaram diante do Deus amoroso apresentado por Jesus.

Que o Deus que está além de Deus, tenha misericórdia de nós e nos envie coragem e fé, para que possamos construir juntos uma religião que esteja apta a desenvolver-se em meio aos movimentos da vida. Capaz de perceber e acolher os outros, aqueles que têm uma imagem de Deus diferente da que criamos e a que instituímos em nossos dogmas e tradições cristãs.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Para ter um casamento feliz

O que eu faço para ter um casamento feliz? Essa foi a pergunta que minha amiga, com olhos em lágrimas me fez. Naquele momento de angústia e tristeza entendi que deveria apenas ouvi-la, mas esta pergunta me perseguiu por vários dias...

O casamento nem sempre foi assim como o vemos hoje. Nos textos bíblicos, por exemplo, de forte cultura patriarcal, a mulher era mais uma propriedade do marido, o casamento estava mais ligado a questões sociais e econômicas do que a questões sentimentais ou amorosas. O grande sentido do casamento era gerar filhos homens, as mulheres inférteis eram renegadas, tidas como imprestáveis. Vários são os textos que apontam para esta condição. No livro de Genesis há vários exemplos. (Os moralistas, que usam a bíblia como fonte de leis e normas para o casamento, deveriam ver isso também.)

Até a Idade Média, em várias culturas ocidentais, o casamento era essencialmente um ato de aquisição: o noivo "adquiria" a noiva. Na maioria das vezes, o casamento era arranjado pelos pais do casal, transformando-se numa união forçada, prevalecendo a dominação do homem sobre a mulher.

O casamento chega até nós com grandes forças institucionais. A instituição deve ser preservada e cuidada mais do que a própria relação. A relação pode até ser desfeita, mas a instituição deve permanecer. Machado de Assis denuncia a questão quando traz a celebre frase: "Deus, para a felicidade do homem, inventou a fé e o amor. O Diabo, invejoso, fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento."

Vale ressaltar que o casamento permanece como uma instituição com fortes características patriarcais. Sendo assim um espaço de grande fragilidade para a mulher, que numa sociedade machista acaba entrando numa instituição que reforça ainda mais esses valores.

Não são poucos os casos em que os homens maltratam as mulheres na relação, mas estas são sempre desafiadas a cuidar do casamento, a preservar o casamento, não desistir, orar pelo marido, ter fé em Deus porque Ele irá restaurar a família.

Todas estas questões maltratam muito a relação, que poderia e deveria ser uma relação saudável, e faz dela quase uma impossibilidade num casamento.
O casamento é uma decisão de vida que pode e deve contribuir para vivermos a vida com mais intensidade, viver bem a vida, partilhando nossas alegrias e tristezas com aquela pessoa que escolhemos para dividi-la. No entanto o peso da Instituição, a rotina, a cultra machista e pariarcal, o ideal de amor romântico destroem estas possibilidades... 

Daí para muitos:

O casamento é uma estupidez humana

O casamento põe fim a breves loucuras - sendo uma longa estupidez.( Friedrich Nietzsche )

De pessoas q não pensam

Eu às vezes penso em casar – aí penso mais um pouco. (Noel Coward)

É uma troca mal sucedida

Quando uma garota se casa, ela troca a atenção de muitos homens pela desatenção de um. (Helen Rowland)

Fruto do medo

O pavor da solidão é maior que o medo da escravidão: assim, nos casamos (Cyril Connolly)

E só traz novas obrigações

Casar-se significa duplicar as suas obrigações e reduzir a metade dos seus direitos. (Schopenhauer)

Dito isto, o casamento que tem chances de ser bem sucedido é o que é fruto de uma aliança de vida, que prioriza a relação e não a instituição, onde cada um sai de si mesmo, mas sem negar a si mesmo, para caminhar em direção ao outro. Entrega mútua onde um traz a luz ao que existe de potência no outro para que cada um seja o melhor que pode ser, não para o outro, mas o melhor para a vida e o melhor na vida.

Só tem chances onde o casamento não é para sempre, cada um deve conquistar sua companheira todos os dias para manter a relação. Onde o casamento está a serviço da relação e não o inverso.

Mas tudo isso merece um outro post...

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Eleições 2010 – Conversas sobre Serra, Dilma, Malafaia, Boff, PNDH3 e...

O baixo nível da campanha dos presidenciáveis Dilma e Serra trouxeram grandes retrocessos para o processo político eleitoral do Brasil que já não é nem um pouco democrático.

Para conseguir os votos dos evangélicos os candidatos debateram políticas públicas em níveis moralistas usando o discursos religiosos... Nesse momento de desespero de ambos os candidatos aconteceram algumas coisas interessantes que merecem destaques.

Executivo ou Legislativo?

O presidente que for eleito no próximo dia 31 deste mês será responsável por gerir bilhões de reais, dinheiro público. Decidirá quanto será destinado à educação, saúde, saneamento, infra-estrutura e como esses valores serão aplicados. Decidirá os nortes da política econômica, das relações comerciais internacionais. Decisões que trarão impactos no dia-a-dia do povo. No entanto grande espaço da propaganda dos dois candidatos foi destinado a falar sobre competências do poder legislativo, Lei do aborto, Lei da homofobia – PLC 122.

Frei Betto e Leonardo Boff

Com os ataques do Tucano José Serra, contra Dilma do PT, grandes intelectuais brasileiros entre eles religiosos como Frei Betto e Leonardo Boff, que tinham se afastado do governo petista, saíram em defesa de Dilma. O que fica evidente é que o governo do PT e de Dilma não é o governo dos sonhos de nenhum deles, no entanto o governo do PSDB de Serra seria um pesadelo.

Palavras de Frei Betto – Autor de uma das maiores críticas ao PT, o livro a mosca azul.

Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência. Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de "marxista ateia".

Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.

Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória - diria, terrorista - acusar Dilma Rousseff de "abortista" ou contrária aos princípios evangélicos.” [Leia mais]

Silas Malafaia

O Pastor Silas Malafaia mostra cada dia mais sua verdadeira face. Hoje megamilionário explorando a fé dos mais fracos, Silas ensaia investidas no mundo da política como o defensor dos evangélicos e da santa moral cristã.

No inicio, defender isso, era apoiar Marina da Silva. Quando viu que Marina não tinha chances de ir ao segundo Turno, Malafaia mudou de posição e começou a apoiar Serra, a desculpa era que Marina tinha dito que apoiaria um suposto plebiscito sobre os aborto. Oportunista do jeito que é, o pastor, também apoiou publicamente Marcelo Crivella, e Walter Pinheiro, mesmo estes sendo da base do governo Lula. É engraçado como Malafaia continuou apoiando Serra mesmo com a discordância sobre a união civil de homossexuais. O que fica bem claro é como é fácil manipular evangélicos e Malafaia sabe fazer isso muito bem pra alcançar seus interesses pessoais que aparentemente todos eles estão ligados a muito dinheiro em seu bolso.

PNDH3

O PNDH3 – Programa Nacional de Direitos Humanos, ao contrário do que tem sido dito, não se trata de nenhum conchavo político do PT para acabar com os valores cristãos do nosso país, fechar igrejas por se recusar a casar casais gays, tampouco estimular o aborto. Isso é mais uma mentira de Serra, Silas Malafaia e os outros desse tipo. [É só ler aqui o PNDH3 completo.]

O PNDH3 é um documento importantíssimo que tem sido enfraquecido nessas eleições. Este foi construído democraticamente em parceria com os inúmeros movimentos sociais presentes em inúmeros encontros em que o povo tinha acesso.

O PNDH-3 incorpora, resoluções da 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos e propostas aprovadas nas mais de 50 conferências nacionais temáticas, promovidas desde 2003 – segurança alimentar, educação, saúde, habitação, igualdade racial, direitos da mulher, juventude, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência, idosos, meio ambiente etc –, refletindo um amplo debate democrático sobre as políticas públicas dessa área.

Questões importantes como a taxação sobre fortunas são abordadas no programa, por isso além de não demonizá-lo devemos apoiá-lo e cobrar sua efetivação.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SOU EVANGÉLICO E VOU VOTAR EM SERRA!*

Desculpem-me amigos, mas vou votar no Serra. Mas vocês estão enganados se acham que vou votar nele por causa desses boatos e factóides da mídia que falam sobre aborto e homossexualismo. Eu sou evangélico inteligente, não me deixo levar por qualquer boato. Afinal o Serra foi o único entre os candidatos que já assinou medidas para fazer aborto. Meu candidato assinou norma técnica para o SUS, ordenando regras para fazer abortos previstos em lei, até o 5º mês de gravidez. http://www.cfemea.org.br/pdf/normatecnicams.pdf

Irmãos, Amados, Bençãos de Deus, Varões... Pensem bem... Chegamos aos fins dos tempos, Esse governo Lula enviado de Satanás está mudando as coisas que sempre foram determinadas por Deus.

É o fim... A pobreza é bíblica, mas Lula, ateu, não sabe disso, claro. Vê se pode! No governo de FHC, do PSDB de Serra, 2 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza, eu já fui contra. No governo Lula, 23 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza... Absurdooo!!!

Eu estudo na UEFS, está cheio de pobres na Universidade, um absurdo, até Índio estuda lá agora, querem virar médico e advogado. É um desrespeito... Eu, que fui bem criado, preciso conviver e competir com essa raça, fizeram uma residência para eles. Vergonhaaa!!

Cansei dessa história de PROUNI, que botou esses tipinhos, sem berço, na universidade. Acreditem, minha irmã contratou uma cozinheira e ela estava fazendo direito em uma faculdade particular pelo PROUNI, em pouco tempo estava estagiando como defensora pública, saindo assim que se formou. Que absurdo! Ainda mais era negra. Essa gentinha não se enxerga mesmo.

Antigamente sonhava em ser universitário, porque sabia que poucas pessoas conseguiam chegar a esse nível. Havia poucas universidades e os ricos que estudavam em escolas particulares eram bem preparados e conseguiam quase todas as vagas. No governo FHC, nos oito anos, ele não construiu nenhuma universidade. O governo Lula criou 10 Universidades, 2 delas aqui na Bahia, vê se pode, agora qualquer um pode ser universitário...

O governo reduziu os impostos para os computadores. A Internet virou coisa de qualquer um. Pode? Até o filho da manicure, pedreiro, catador de papel, agora navega...

Cansei dessa história de facilitar a construção e a compra da casa própria (73% da população, hoje, tem casa própria, segundo pesquisas recentes do IBGE). E os coitados que vivem de cobrar aluguéis? O que será deles? Cansei dessa palhaçada da desvalorização do dólar. Agora, qualquer um tem MP3, celular e câmera digital. Qualquer gentinha, aqui do prédio, vai passar férias no Exterior. É o fim...

Chega dessa baboseria politicamente correta, dessa hipocrisia de cooperação. O motor da vida é a disputa, o risco... Quem pode, pode, quem não pode, se sacode...

Somos Povo de Deus e não podemos permitir esse absurdo... Entendam o que está acontecendo... Deus me deu uma visão para eu abrir uma empresa, e tudo ia ficar mais fácil... Recebi um sinal de Deus quando no governo FHC estava sendo votado a flexibilização da CLT. Não precisaríamos nos preocupar com 13º salário e Férias... Essas coisas q inviabilizam qualquer negócio... Já tinha sido votado na Camara dos Deputados e passado... Aí vem o governo Lula e arquiva o projeto... E agora? Vou precisar pagar 13º e férias para todos os empregados... Vou a falência desse jeito, antes de começar... Vergonha !! Vergonha!! Vergonhaaaa...

Cansei dessa história de Luz para Todos. Os capiaus, agora, vão assistir TV até tarde. E, lógico, vão acordar ao meio-dia. Quem vai cuidar da lavoura do Brasil? Diga aí, seu Lula...

Genteeeeeee!! Estados Unidos é a nação de Deus... Antes tínhamos eles como modelo, o mundo todo via como uma nação protestante era superior... Na época de FHC o risco Brasil era de 2.700 pontos, hoje o risco Brasil é de 200 pontos. Vê se pode uma coisa dessas, os Estados Unidos passando por crise econômica e o Brasil com a moeda cada vez mais forte... Coisas do governo Lula...
Por tudo isso que falei, evangélico vota em Serra!!!

Eu iria votar nulo, mas Silas Malafaia iluminou minha mente, por isso voto em Serra.
(*) Esse texto é uma adaptação de uma mensagem que recebi na Net...

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Mudar é Viver; A morte e a morte de Quincas Berro Dágua

Lendo o blog de meu irmão Messias, passando os olhos pelas sempre sábias e ávidas palavras, não houve como não lembrar de Quincas.
Joaquim Soares da Cunha aprendeu vivendo a sua morte que só poderia voltar a viver se houvesse uma mudança. Um dia despertou do seu sono dogmático e resolveu mudar. E que mudança!


Quincas deve ter lido as palavras do evangelho quando relata um morto-vivo perguntando a Jesus o que era preciso fazer para viver. E Jesus deu o diagnóstico: _Amigão, seu caso é grave, só nascendo de novo. Joaquim, com a coragem que a maioria de nós não tem, morreu. Morreu para que pudesse viver. Não barganhou com a morte, morreu mesmo, para que pudesse ter vida plena. Nasceu Quincas Berro Dágua... o "Rei dos vagabundos da Bahia", o "senador das gafieiras", o "patriarca da zona do baixo meretrício", personagem que se tornou após sair de casa chamando mulher e filha de "jararacas".


A Sociedade do capital é um grande sepulcro, para os pobres que lutam para sobreviver, e para a classe média, essa que perde a vida tentando ascender socialmente. Quincas morreu para esta sociedade, para suas normas e para sua moral.


A força desta sociedade da morte era tão grande que quando os parentes encontraram o defunto, que estava mais vivo do que eles, trataram de fazer a única coisa que sabiam, matar. Rapidamente planejaram a morte do defunto.

Quincas Berro Dágua já defunto conseguiu morrer novamente para mais do que nunca permanecer vivo na memória e nas recordações de todos, Morreu como marinheiro que se entrega aos braços do mar, foi habitar no infinito.


Compreendo aquelas pessoas que nunca viveram e por não saberem o que é isso não têm chances de rejeitar a morte para tentar viver, mas não consigo compreender pessoas que sabem que estão morrendo, mas não conseguem se desprender da confortável morte. Preferem ficar ao lado das serpentes, das jararacas, do que se aventurar na vida que depende sempre que as mudanças sejam enfrentadas, assumidas e saboreadas.

sábado, 2 de outubro de 2010

Eleições 2010

O projeto popular Lula Lá, não poderia ter dado tão certo. Depois de oito anos "", o presidente Lula conseguirá eleger com o peso de sua influência a presidente da República, 20 dos 27 candidatos a governadores, terá 2/3 do Senado e maioria absoluta na Câmara. O fenômeno Lula com 90% de aprovação popular vai eleger todos... Mesmo seus oponentes históricos... Vejam o jingle de Collor em Alagoas: "é Lula apoiando Collor, é Collor apoiando Dilma, pelos mais carentes. É Lula apoiando Dilma, é Dilma apoiando Collor, para o bem da nossa gente. É Lula apoiando Dilma, é Dilma apoiando Collor, e os três para o bem da gente".

Lembrei muito das campanhas de 98 e 2002 quando conheci muito dos candidatos do PT, que entravam nos ônibus da Petrobras pediam votos e vendiam broches e camisas do PT, para ajudar nas despesas da campanha. Lembrei de uma fala de Luís Alberto quando criticou as praticas das direitas que pagavam a pessoas pobres para vestir camisas e ficar o dia no sol balançando bandeiras. Dizia ele que um partido se faz com militantes. Nessa campanha o que mais vi foram pessoas pobres no sol balançando bandeirinhas de Luís Alberto. É meu caro! A direita continua com as mesmas práticas.

Conheci Bassuma deitado no meio de uma BR em uma greve, na época era Deputado Estadual do PT, Wagner. Meu Deus! O que o poder faz... A diferença nos discursos eram claras... O PT lutava pela reforma agrária, por educação pública de qualidade, pela auditoria das dividas externas que levavam 40 % do PIB, fazendo com que milhares de brasileiros morressem de fome. Enquanto o PSDB, PFL e PMDB e seus aliados votavam pela flexibilização da CLT, e chamavam os aposentados de vagabundos. Era fácil definir o voto!

Hoje depois de um longo e cansativo período de campanha eleitoral não vimos nenhuma diferença nas propostas de Dilma, Marina e Serra. Todos seguem o Mesmo programa. No último debate foi até engraçado ver Serra dizendo a todo momento que quem começou com os projetos que Dilma nervosa anunciava foi ele.

O projeto Lula lá nos apontava para um horizonte de sonhos que hoje nos sentimos caminhando com pesadas bolas de ferro presas aos nossos pés. Mas o projeto ainda vive, mas não podemos continuar no barco que deu meia volta e agora rema em sentido contrário. Depois de tanto trabalho como militante do PT e depois do PCdoB, me sinto traído, e nessas eleições não votarei 13 ou 65.


domingo, 1 de agosto de 2010

Discurso de Formatura - Bacharel em Teologia

Discurso pronunciado no Culto de Ação de Graças pela colação do grau de Bacharel em Teologia no Seminário Teológico Batista do Nordeste - STBNe. Turma 2010.1.


Orador: Marcos Fellipe

 Não iremos iniciar aqui agora um discurso, vamos apenas dar voz a esse discurso que vem sendo dito há muitos anos. Em especial há 4 anos e meio quando a maioria de nós deixamos nossos lares, a companhia das pessoas que amamos, nossas queridas igrejas para atender um chamado, caminhar em direção a nossa vocação.

“Ao invés de tomar a palavra, gostaríamos de ser envolvidos por ela e levados bem além”. Sair do lugar comum das palavras que são ditas e adentrar no misterioso mundo das palavras que se dizem... E assim acompanhar essas vozes sem nome que nos precedem.(1)
 
Nessas linhas estão um pouco de nossas vidas, nossas conversas em salas de aula, nos corredores, nas mesas de estudos e outras mesas mais. Mas não somos os únicos autores deste.

Não há como não dividir a autoria deste discurso com vocês: família, amigos que são parte essencial da construção do que somos hoje.

Não há como não dividir deste discurso com aquelas pessoas com quem mais conversamos nestes anos, vivos e mortos que dividiram conosco sua sabedoria. Com os quais muitas vezes tivemos o prazer de passar noites inteiras conversando. Leonardo Boff, Foucault, Nietzsche, Rubem Alves (o tio de Cássio), Von Rad e Lutero, amigos de longas conversas com Percival e Luís, Elizabeth Fiorenza, parceira de Crícia, Paul Tillich, Ivone Gebara, a madrasta de Julinho, Emanuel Levinas. E principalmente Jesus de Nazaré ...

Não há como não dividir a autoria deste discurso com os pobres, com os marginalizados, com os excluídos, Essas pessoas que com a expressão dos seus rostos, e com as histórias de suas vidas nos desafiam a nos preparar para construir juntamente com eles uma realidade menos injusta... Que nos desafiam a ser voz dos sem-voz e sem vez...

E finalmente não há como não dividir a autoria deste com os nossos professores... Com estes tivemos conversas e lições incríveis.

Chegamos aqui cheios de certezas... "Tão convencidos estávamos nós dos caminhos que estávamos seguindo que nos matriculamos numa escola onde se ensina certezas e proibições, um seminário, porque o nosso desejo era conduzir as almas pelos caminhos que nós seguíamos." (2) Acreditávamos que encontraríamos professores que nos ensinaria como conduzí-las. Mas, que bom que estávamos errados. As primeiras lições que tivemos foi que a aprendizagem é também a habilidade de desaprender.

Concluímos rapidamente que Alberto Caeiro quando escreveu estes versos era certamente um calouro de Teologia:

Procuro despir-me do que aprendi,

Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram

E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos.

Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,

Desembrulhar-me e ser eu [...]

Isso exige um estudo profundo,

Uma aprendizagem de desaprender.

Nossos professores tentaram nos conduzir por esses perigosos caminhos do conhecimento. Vocês foram maravilhosos, muito importantes para cada um de nós, mas alguns de vocês foram surpreendentes.

Com orgulho somos Turma Jorge Luiz Nery, nome do nosso incansável professor que sempre acreditou em nosso potencial como estudantes. Sem tempo, sem recursos, sem apoio da direção, não foram poucas as mesas redondas, os mini-cursos, as viagens, atividades interdisciplinares, esforços que extrapolavam em muitos suas obrigações. Jorge! Você foi surpreendente.

Aletuza Leite que deu-nos a honra de ser nossa paraninfa, conseguiu nas poucas disciplinas que ministrou nos conquistar, rapidamente tínhamos mais que uma relação de professor-aluno, éramos amigos, e essa amizade nos proporcionou crescimento incrível. Seu jeito leve de viver, Sua teologia engajada e cheia de vida nos desafiou a sermos mais.

Lembro-me da primeira aula que tivemos com um outro desses incríveis professores, no lugar de nos ensinar verdades nos fez pensar, e ter dúvidas, nos ensinou que certezas são prisões, nos ensinou a perceber a beleza que há nas pequenas coisas, nos gestos simples. Mais do que filosofia nos ensinou a que a vida nunca é ponto final, "Viver é etecétara." (3) 

Quando conhecemos a figura, nos encantamos de cara, acreditávamos que ele nos conduziria a um novo caminho, ser discípulos radicais de Jesus Cristo. Mas o que lemos em seus olhos e em suas palavras foi que não há caminhos, “os caminhos se fazem ao caminhar”.

Sabiamos que ele não duraria muito tempo aqui, uma instituição construída sobre verdades e proibições não poderia suportar a presença de alguém que ensina dúvidas e liberdade. De quem estou falando turma??

Marcos Monteiro...

Em suas instigantes aulas de filosofia em que constantemente éramos desafiados a construir juntos o conhecimento, nos preparamos para adentrar no mundo do estudo da teologia, que já nos esperava.

Em todos esses anos que não estávamos na companhia de vocês, estivemos na companhia da história do Cristianismo, da Psicologia, da eclesiologia e do estudo sistemático e criterioso da Bíblia.

Aprendemos nas aulas de história do cristianismo que a história foi sempre escrita a partir dos vencedores, dos poderosos. Logo fomos desafiados a reler a história a partir dos menores, dos esquecidos, dos derrotados, dos oprimidos pelos sistemas de dominação.

Nas disciplinas de Bíblia aprendemos a ler os textos em sua línguas originais. Foram muitas noites em claro para aprender Grego e Hebraico. Aprendemos que toda leitura é uma interpretação que não há como alcançar a verdade dos textos, no máximo optar por alguma possibilidade responsável. Isso nos distanciou da pretensão da verdade e da vaidade do poder. Aprendemos que Deus escreveu apenas um livro: a vida. E a habilidade de manusear a Bíblia seria ferramenta indispensável para lermos a vida em seus inúmeros movimentos.(4)

Passamos também pelas disciplinas do campo da psicologia, mentoreamento eclesiologia e outras.

Fomos continuamente desafiados nas disciplinas de Teologia... Mas o que é Teologia? Estava conversando com Crícia em uma conhecida mesa de estudos, e ela relatou-me a acontecença. Perguntaram-lhe o que era isso em que ela iria se formar. O que é Teologia? Para que serve? O que vc vai fazer com isso?

Qual o instrumento de trabalho do teólogo? A do agricultor é a enchada com a qual ele ara a terra. Com o estetoscópio o médico examina os pacientes. O instrumento de trabalho do teólogo é A Palavra, com as palavras o teólogo constrói e destrói mundos. Ser teólogo é dominar a arte de criar e destruir mundos através das palavras.

O mundo do Antigo Testamento que era regido pelo Deus Tribal guerreiro de Israel o qual legitimava a guerra pela posse de Terras, a matança de crianças foi recriado pelos profetas que ousaram um mundo de justiça, onde Deus era Deus de todos.

Martin Luther King, através das palavras ajudou inúmeros negros norte americanos a lutar por um mundo mais justo, suas palavras até hoje ecoam e nos desafia a criar um mundo mais humano e igualitário.

Mas o maior criador e destruidor de mundos foi Jesus de Nazaré que a luz das escrituras, mas não escravizado por ela, em um mundo em que Deus era o Senhor, nos apresentou um Deus servo de todos e todas. Como menor de todos partilhou sua vida conosco. Desde que o filho do homem, estraçalhado e crucificado, ressuscitou dentre os mortos, se antecipou a definitiva libertação e se mostrou ineludivelmente que a vida é mais forte do que a morte e foi criado o mundo em que a utopia é mais real do que todos os realismos políticos e econômicos. Ser Teólogo é assim como Jesus, dominar a arte de criar e destruir mundos.

Ser teólogo é ser desafiado a fazer teologia em meio aos movimentos da vida, fazer teologia onde o Espírito está soprando, de dentro do Furacão.(5) Ser teólogo é responder ao escândalo da Reforma Agrária, é lutar pelo direito dos excluídos, é empoderar pelo poder da Palavra os desempoderados, os negros, os pobres, os homossexuais, as crianças, as mulheres.

Essa teologia nos desafia a ser pastores, a cuidar mais das pessoas e menos das instituições. Igrejas são pessoas. Pessoas que são massa humana, negadas como sujeitos históricos, sem consciência libertária e sem um projeto de futuro, massa sempre manipulada pelas ideologias das elites, com raríssimas exceções.

Fomos tentados durante o curso e certamente continuaremos sendo, a seguir pelos caminhos mais fáceis e cômodos Tentados a ser meros imitadores de mentes estéreis. Por muitas vezes optarmos em não seguir os caminhos comuns, já dantes traçados e por isso fomos apontados e rotulados. Mas em tudo tentamos ser nós mesmos, conservadores ou progressistas.

Fomos tentados a ser grandes enquanto Jesus nos desafia a ser os menores. Mas pela força do Espírito seremos os menores, servos de todos...

Para usar uma imagem muito usada no Seminário, em que há um fusquinha no caminho de um caminhão numa ladeira. Iremos optar sempre em ser os fusquinhas, por identificarmos este com o projeto do reino de Deus. O caminhão só transita nas grandes avenidas. Mas os movimentos da vida não se dá apenas nas grandes avenidas, mas nos becos, nas vielas, nas baixadas e nos morros, onde o grande caminhão não tem acesso. Ser cada vez menores.

Encerramos esse curso hoje com a alegria de ter desbravado caminhos, com a alegria de termos sido teologarte, com a alegria de termos sonhado e trabalhado por um curso melhor, com alegria de ter construído laços duradouros e deixado marcas. Com a alegria de termos sonhado juntos com uma Igreja que seja sinal e antecipação do reino de Deus, que é reino de justiça paz e alegria no Espírito Santo. Sonhar juntos nos fez irmãos e assim prosseguiremos.

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1 Paragrafo basedo no discurso da aula inaugural e Foucault no College de France.
2 Fragmento de um texto de Rubem Alves em uma homenagem a Richard Shaull.
3 Riobaldo em Grande Srtão Veredas.
4 Idéia muito comum de Carlos Mesteres.
5 Conceito chave de Richard Shaull em seu livro De dentro do Furacão.


sexta-feira, 23 de julho de 2010

Menina Faceira

Ela me chamou para nomear estrelas.



Coisa das mais alegres e das mais perigosas desse mundo é conhecer meninas faceiras, mais perigoso é dar-lhes as mãos para brincar com elas .



Menina de sorriso largo, olhos profundos, brilho do mistério do infinito no olhar. Asas de borboleta e sobre as asas o dia inteiro. Convidou-me para com o vento correr atrás das estrelas e dá nome a elas. E lá fomos...



Olhos selvagens envoltos numa serenidade que enfeitiça o espírito daqueles que ousam lhes dar as mãos ou olhar em seus olhos. Quantos sorrisos diferentes você tem? “O céu é teu sorriso, no branco do teu rosto a irradiar ternura...”



A menina faceira brincava de ciranda com a vida.



A menina se foi... Agora está brincando de picúla, correndo atrás do tempo...



Ela me chamou! Chamou para nomear estrelas. Ah menina! Faceira...